The Update #10 – ChatGPT está sendo usado como assistente de professores, WhatsApp e a Privacidade + Combo de updates de IA com Darth Vader, Scarlett Johansson, Elton John e Youtube

O que nós temíamos chegou. A IA não está sendo usada só para consulta pessoal, mas por quem nos ensina e que, ironicamente, pede pra não usarmos.

Nos EUA, professores já estão deixando de corrigir algumas provas, pois a inteligência artificial faz isso mais rápido. Mas vale terceirizar o futuro dos alunos para uma IA? Isso muda o papel do professor?

Além disso, nos últimos dias ficamos sabendo de IAs dublando vilões, vendendo anúncios no exato segundo em que você se emociona e até decidindo quais filmes você pode assistir. Enquanto isso, as big techs seguem posando de defensoras da privacidade (com direito a campanha publicitária e tudo).

Não era pra ser uma newsletter exatamente sobre IA, mas impossível não falar sobre. Porque estivemos pensando aqui que, talvez dominar a IA não seja totalmente suficiente. Vai ser importante também aprender a identificar quando ela está operando nos bastidores.

Você consegue? Está cada vez mais difícil.

Updates desta edição

  1. 🎓 ChatGPT virou assistente dos professores — em silêncio

  2. 🔒 “Not Even WhatsApp”: a nova promessa (publicitária) da privacidade

  3. 🎮 Darth Vader com voz de IA no Fortnite: o lado negro da dublagem chegou?

  4. 📊 YouTube quer saber seu “pico de atenção” (e vender exatamente isso)

  5. 🎶 Elton John x IA: músico não quer ter sua voz clonada por robôs

  6. 🎥 Scarlett Johansson diz quem está controlando Hollywood — e não são os produtores

🎓 ChatGPT virou assistente dos professores nos EUA — em silêncio

Parece que o ChatGPT entrou de vez nas salas de aula, mas os alunos não estão gostando.

Professores universitários nos EUA estão usando a IA para corrigir provas, responder e-mails de alunos e até preparar aulas. Tudo isso sem avisar ninguém.

Uma matéria do New York Times revelou: docentes, atolados de trabalho e mal remunerados, estão recorrendo à IA pra dar conta da carga absurda de tarefas. Só que, ao mesmo tempo, são os mesmos professores que dizem pros alunos “não usem IA nas suas redações”.

Sim, é contraditório. Mas também é um sintoma. A educação superior vive uma crise estrutural de tempo, verba e reconhecimento — e o ChatGPT virou um jeitinho digital de sobreviver à maratona acadêmica.

A ironia é que, enquanto reitores e conselhos debatem proibições e políticas de uso de IA nas universidades, boa parte do corpo docente já está usando, só que em silêncio.

No fim, talvez o grande dilema seja esse: a IA não vai substituir os professores. Mas pode acabar virando o único assistente que eles conseguem pagar para suportar a pressão e o aumento das cargas de trabalho.

🔒 “Not Even WhatsApp”: a nova promessa (publicitária) da privacidade

O WhatsApp lançou sua maior campanha de marketing global até hoje, intitulada “Not Even WhatsApp” — ou “Nem Mesmo o WhatsApp” (Assista aqui).

A mensagem é direta: ninguém, nem mesmo a plataforma, pode ver ou ouvir as mensagens trocadas pelos mais de 3 bilhões de usuários mensais. A iniciativa surge logo após a Meta expandir os recursos de inteligência artificial no aplicativo, o que gerou, previsivelmente, preocupações sobre privacidade.

O centro da campanha é um comercial de TV dirigido pelo cineasta australiano Mark Molloy. A peça apresenta o que seria a visão “do outro lado da tela”: textos, fotos e vídeos aparecendo criptografados, supostamente inalcançáveis por qualquer olhar externo.

“Queríamos capturar a beleza no caos das mensagens”, explicou Matt Miller, CEO da West BBDO, agência responsável.

A campanha também acompanha o lançamento do “Advanced Chat Privacy”, que adiciona novas camadas de proteção, como impedir exportações de histórico e downloads automáticos de mídia.

Para Vivian Odior, diretora global de marketing do WhatsApp, a campanha traduz emocionalmente a promessa de privacidade. Promessa que, como sempre, continua a ser monitorada de perto pelos críticos.

🎮 Darth Vader com voz de IA no Fortnite: o lado negro da dublagem chegou?

Darth Vader chegou ao Fortnite com sua voz inconfundível. Só que tem um detalhe: quem fala ali não é bem James Earl Jones — nem um novo dublador humano. É uma IA.

O resultado é tecnicamente impressionante, mas eticamente desconfortável para algumas pessoas. Especialmente para dubladores e profissionais de voz, que vêm alertando sobre a precarização da profissão diante de clones digitais.

(Inclusive, a SAG-AFTRA, sindicato que representa atores e dubladores nos EUA, entrou com uma ação contra a Epic Games por prática trabalhista injusta).

Voltando para a opinião pública, a divisão varia entre quem acha o máximo “ouvir o verdadeiro Vader” e de quem acha errado, pois não é algo exatamente de verdade.

James Earl Jones, vale lembrar, já havia dado permissão pra Disney usar sua voz com IA. E a sua família apoiou e autorizou a Epic Games a realizar a dublagem com IA para o Fortnite. Então, se a família que é dona do espólio autorizou, papo encerrado.

Sarcasticamente ou não, o lado negro da força definitivamente está com a tecnologia!

📊 YouTube quer saber seu “pico de atenção” (e vender exatamente isso)

O YouTube acaba de lançar um recurso chamado Peak Points, que usa a inteligência artificial do Gemini pra identificar os momentos de maior atenção em um vídeo — e vender anúncios exatamente ali.

Ou seja: a IA vasculha onde o público está mais engajado e transforma esse trecho em espaço premium. O anúncio vem no clímax, bem quando você está mais interessado. Sutil, né?

Segundo a plataforma, isso aumenta o impacto da propaganda e melhora a experiência do usuário (porque claro, nada mais imersivo do que ser interrompido no momento mais empolgante do vídeo).

A lógica parece feita sob medida pro TikTok: cliques rápidos, retenção máxima, e uma monetização ultra precisa. Mas levanta questões: o conteúdo agora vai ser moldado pra gerar picos? Vai ter vídeo com roteiro feito pra atrair anúncio no meio?

A publicidade digital segue encontrando novas formas de entrar sem pedir licença. E o YouTube, como sempre, está no centro do jogo, agora com IA no controle remoto.

🎶 Elton John x IA: músico não quer ter sua voz clonada por robôs

Elton John soltou o verbo contra o governo do Reino Unido. O motivo? Um plano que permitiria o uso de obras protegidas por direitos autorais para treinar inteligência artificial sem pedir licença aos artistas.

A proposta basicamente abriria as portas para que empresas usassem livremente músicas, livros, filmes e imagens como matéria-prima para modelos de IA. O autor que teria que optar ativamente por não participar, caso desejassem impedir o uso de suas obras, em vez de o desenvolvedor pedir permissão.

O cantor não poupou palavras: disse que a ideia era uma “traição” aos artistas britânicos e um ataque direto à criatividade. Também alertou que, se isso avançar, a indústria da música pode virar só uma fábrica de clones digitais, gerando vozes sem alma, mas com lucro.

Elton John foi um dos mais de 400 artistas que assinaram uma carta pedindo ao primeiro-ministro Keir Starmer a atualização das leis de direitos autorais diante do avanço da tecnologia de IA. O documento também foi assinado por nomes como Paul McCartney, Dua Lipa, Coldplay, Ed Sheeran e Florence Welch.

A crítica vem num momento em que o uso de IA generativa na música (e além) está explodindo, muitas vezes em cima de material que ninguém autorizou.

Algo parecido com o que falamos na edição 8, sobre o que é o remix e quem é o autor das obras hoje em dia em um mundo recheado de referências e inteligência artificial.

🎥 Scarlett Johansson diz quem está controlando Hollywood — e não são os produtores

Scarlett Johansson resolveu colocar o dedo na ferida: o controle no cinema atual não vem de produtores nem de políticas governamentais. Segundo a atriz, o verdadeiro filtro da criatividade em Hollywood hoje são as big techs.

Em entrevista recente, ela criticou o poder desproporcional que essas empresas têm sobre o que pode ou não ser produzido, filmado e exibido. Plataformas de streaming, estúdios controlados por gigantes digitais e suas equipes de "curadoria" acabam moldando o conteúdo — muitas vezes de olho em interesses comerciais, contratos globais e acionistas.

Na prática, é como se a liberdade artística estivesse subordinada aos termos de uso. E qualquer coisa que fuja da linha pode ser vetada antes mesmo de virar roteiro.

Johansson não está sozinha nesse incômodo, mas foi uma das poucas a dizer isso em voz alta. Porque o que está em jogo não é só um filme cortado aqui ou ali, mas uma indústria inteira se moldando ao gosto das big techs. E, ironicamente, vendendo isso como diversidade e inovação.

No final, quem decide o que você assiste pode não estar em Hollywood, mas no Vale do Silício.

✂️ Curtas

🔍 Buscador do Google fica mais parecido com o ChatGPT; veja o que vai mudar (via G1)

Terapia no ChatGPT oferece riscos e preocupa o Conselho Federal de Psicologia (via CanalTech)

🍺 Heineken usa a publicidade para criticar excesso de conexão digital, com campanha divertida e bem-humorada sobre o “maravilhoso mundo” hiperconectado. (via YouTube)

🏔️ Criador de Succession lança Mountainhead, sátira sobre bilionários da tecnologia, com estreia prevista para este ano; trailer já disponível. (via YouTube)

💎 Ranking das marcas mais valiosas de 2025 coloca Apple no topo global e destaca evolução das big techs e de marcas asiáticas. (via B9)

🎤 The Town 2025 anuncia lineup estrelado às vésperas da pré-venda; festival promete mistura de estilos e grandes headliners. (via Rolling Stone)

🚀 A Odisseia, de Christophe Nolan, será o primeiro longa 100% gravado em IMAX; projeto ambicioso promete experiência cinematográfica inédita. (via ingresso.com)

🎬 O Agente Secreto estreia com 100% de aprovação no Rotten Tomatoes após exibição em Cannes; filme já é um dos mais elogiados do ano. (via Terra)

🤸 Viola Davis vai coproduzir filme sobre Daiane dos Santos, destacando trajetória inspiradora da ginasta brasileira nas telonas. (via MSN)

🎤 Ritas transforma legado de Rita Lee em documentário íntimo e sincero; filme emociona ao revelar facetas pouco conhecidas da artista. (via Rolling Stone)

Obrigado por chegar até aqui, este foi o filtro semanal do The Update.

Semana que vem tem mais!

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O que é o Update?

Para quem olha pra frente e quer espiar o futuro. O Update é feito para manter você atualizado não só sobre o que aconteceu, mas sobre o que está acontecendo.

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